José Pacheco é educador, pedagogo, mestre em Educação da Criança pela Universidade do Porto e defende uma escola sem classes, turmas ou séries. Nascido na cidade do Porto, em Portugal, o professor deixa extremamente clara sua opinião em relação ao sistema tradicional de ensino e questiona: “Que rigor e que exigência existem num modelo educacional no qual alunos do século XXI são ensinados por professores do século XX, que recorrem a práticas oriundas do século XIX?”.
Juntando suas ideias com a força de vontade de ensinar, José fundou a Escola da Ponte, onde o aluno tem direito a ser aquilo que é, explorando seus talentos, qualidades, acreditando no potencial dos alunos. Quarenta anos após a fundação, a escola tem nota máxima na avaliação externa do Ministério da Educação e os alunos são avaliados à medida que aprendem, servindo de inspiração para diversas escolas de Portugal. Embora seja um trabalho demorado, tornou-se satisfatório para José Pacheco:
“A Ponte provou a possibilidade de uma escola onde todos aprendam e sejam felizes. Operou uma rutura total com o velho e obsoleto modelo educacional, que ainda prospera na maioria das escolas. Garante o direito à educação, que a maioria das escolas recusa. E numa escola da rede pública!”.
Mais a frente, quando questionado sobre o sistema de ensino Brasileiro, José acrescenta:
“As mudanças deverão partir, simultaneamente, das escolas e do poder público. E são precisos muitos anos para que se consolidem. Nos últimos anos, apesar da profusão de tentativas de reforma, programas, projetos, congressos, cursos e afins, não se logrou melhorar a qualidade da educação nacional. Mas Portugal tem tudo aquilo que precisa. E esse desiderato será alcançado quando as escolas deixarem de estar cativas de um modelo educacional obsoleto e de uma gestão burocratizada, na qual os critérios de natureza administrativa se sobrepõem a critérios de natureza pedagógica.”
E diz mais sobre os educadores brasileiros:
“Acredito nos professores. E encontrei no Brasil, como havia encontrado em Portugal, muitos professores que possuem os dois requisitos básicos da profissão: competência e ética. Acompanho os seus projetos e com eles aprendo. Isso basta-me. É preciso apenas que haja gente, educadores conscientes da necessidade e possibilidade de mudança, que se constituam numa equipa de projeto. Que saibam escutar sonhos e necessidades da comunidade em que estejam inseridos. E que ajam em função da lei e da ciência”.
Entrevista realizada por Sara Dias Oliveira e publicada no site Notícias Magazine. Para ler na íntegra a entrevista completa Clique Aqui.
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BRUNO ASSIS FONSECA
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